quinta-feira, 16 de maio de 2024

MEMÓRIA

"A casa da alma é a memória"  Santo Agostinho     

Imagine se perdêssemos a memória?

Imagine se não pudéssemos rever o caminho que percorremos na nossa vida? 

A memória é o fator essencial para a autoconsciência. A memória é crucial para o desenvolvimento do Eu, não apenas para cada individualidade mas para a humanidade como um todo. 

A lembrança e o esquecimento tem implicações sobre a maneira como nos desenvolvemos e realizamos um crescimento espiritual.

O cérebro localiza-se na cabeça e está protegido pelo crânio. É o organismo mais complexo e poderoso do Universo. Como órgão fisico requer nutrição, descanso, uso e cuidados médicos. 

Através da plasticidade cerebral, o cérebro tem capacidade para restaurar suas próprias funções. A memória está presente em redes de neurônios que se conectam. Se um neurônio morre, o cérebro pode restabelecer essa conexão  através de outro neurônio e conservar a memória.

Quando o cérebro se debilita há uma redução na capacidade de concentração, de aprendizagem e de criatividade.

A memória permite guardar as experiências da nossa vida. É ela que permite ser quem somos.

Por meio das experiências dos sentidos, criamos memórias corporais, afetivas e espirituais. O que experimentamos pelos órgãos dos sentidos são experiências da alma que podem ser evocadas mais tarde. 

Já o conteúdo espiritual da alma, a memória espiritual vive no inconsciente e deve ser desvelada, iluminada.  Algo do inconsciente pode vir à tona quando se está prestes a dormir ou acordar. 

A memória não é só aquilo que é consciente mas há também processos inconscientes. A passagem do tempo é marcado pela memória.

Estimular o cérebro é tão importante como fazer atividade física. Assim como é importante cuidar do sono e do caminho de autodesenvolvimento para iluminar as questões do inconsciente.

Cada um de nós é tecido pelas próprias memórias, mas tudo o que é fisico desaparece. O que fica são as realidades do desenvolvimento interior.

Excesso de stress acelera a deteriorização do cérebro

No conteúdo vivo das memórias encontramos alegria, satisfação e dor e essas manifestações dizem quem somos.

Para trilhar um caminho de desenvolvimento é importante esquecer para que novas memórias possam surgir.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

OS DOZE SENTIDOS

 Você passa todos os dias pela mesma rua e nunca percebeu determinada árvore?

É preciso diferenciar sensação e percepção

Os sentidos nos dão a sensação enquanto que a percepção torna a sensação consciente. 

Por isso, em um determinado dia, mesmo passando todos os dias no mesmo lugar, percebo a árvore (não só enxergo mas vejo a árvore ou não só ouço mas escuto o pássaro).

Os 12 sentidos podem ser divididos em 

a. sentidos corpóreos relacionados ao querer, 

b. sentidos afetivos relacionados ao sentir e 

c. sentidos espirituais relacionados ao pensar.

Os Sentidos corpóreos ligados ao querer/ vontade são: 

o tato, o vital, o movimento e o equilíbrio. 

TATO.               'o sentido do tato é o educador da devoção'. R Steiner

Através do sentido do tato, entramos em contato com o mundo externo e percebemos a nós mesmos. Tatear é a reação de nossa interioridade diante de uma superfície como um estremecimento interior. Superfícies diferentes nos dão diferentes sensações. É o início do caminho para o conhecimento. Tatear é caminhar pela realidade oculta aos olhos.

VITAL.              'o sentido vital é o educador para fecundidade na vida espiritual'

Localiza-se dentro do organismo e só o percebemos se algo estiver em desordem.  Não saberíamos nada do decorrer de nossas vidas se não tivéssemos o sentido vital. É o sentido que dá a sensação da vitalidade em todos os aspectos da vida.

MOVIMENTO.    'o sentido do movimento é o educador para a busca da origem de nossa interioridade'  

Por meio do sentido do movimento percebemos os movimentos dos membros. É uma percepção interna da mudança de posição de cada membro. Os olhos fotografam o movimento de uma pessoa e nos dá a sensação desse movimento, internamente nossos músculos repetem o movimento. Todo o organismo participa na vivência de qualquer movimento.

EQUILÍBRIO.     'o sentido do equilíbrio é o educador de nossa integridade no mundo das ideias' 

O sentido do equilíbrio nos relaciona com as três dimensões do espaço: direita/esquerda, em cima/embaixo, trás/frente. Buscar a postura ereta humana de equilíbrio é a meta desse sentido. A maneira de expressão do Eu em relação ao mundo externo tem a ver com o desenvolvimento do sentido do equilíbrio.

Os sentidos afetivos ligados ao sentir são: 

o olfato, o paladar, a visão e o térmico.

OLFATO.       'o sentido do olfato é o educador para a busca da sutileza' 

Tudo o que cheira chega a nós sem que possamos impor resistência. Os cheiros mobilizam a consciência e as emoções. Geram lembranças, saudade. Sem o desenvolvimento do sentido do olfato, não sabemos o que é bom ou ruim e não é possível um julgamento moral.

PALADAR.    'o sentido do paladar é o educador para o caminho da sabedoria' 

A criança começa seu contato com o mundo colocando tudo na boca, degustando para conhecer e ao longo da vida continuamos saboreando no sentido de travar certo conhecimento a respeito da vida. A falta de cultivo do paladar leva a certa rispidez e dureza nas pessoas.

VISÃO.         'o sentido da visão é o educador para o caminho do mistério da luz' 

Sem a manifestação da luz, o olho não se desenvolve. Onde há luz surge a cor. O olho busca a completude. Cuidado para não pensar com os olhos porque eles se atém ao superficial. Esse sentido permite perceber a ordem no mundo. O céu mostra a paz que o olho se esforça constantemente em restabelecer.

TÉRMICO.    'o sentido térmico é o educador de nossa sensibilidade'

Por meio do sentido térmico o Eu pode atuar. Ele aquece, amolece e faz fluir. O frio endurece, cristaliza, não permite que a alma se expanda. Crianças que não vivenciam o calor na alma e no físico não se alegram, não se entusiasmam.

Os sentidos espirituais ligados ao pensar são: 

a audição, a linguagem, a palavra e o sentido do Eu alheio.

AUDIÇÃO.           'o sentido da audição é o educador de nossa interioridade para a experiência do inaudível do Universo' 

O sentido da audição tem um papel fundamental no encontro com o outro assim como a visão. Para ouvir, o som faz um caminho fabuloso e somos capazes de distinguir entre ruídos, melodias, harmonias e o ritmo das coisas. Esse sentido ocorre na interioridade de cada um para que possamos perceber a essência do que nos rodeia. É necessário silencio para escutar

PALAVRA.            'o sentido da palavra é o educador do nosso caminho para o movimento cósmico'

O sentido da palavra implica em um movimento sutil. O nome das coisas surge do movimento que ocorre nas formas que as coisas assumem. Mesmo que não entenda a língua falada posso perceber que há linguagem. 

PENSAMENTO.     'o sentido do pensamento é a educadora do caminho para a revelação do espírito'

É necessário dominar a língua para perceber o conceito, mas há algo por trás dos conceitos que é difícil de expressar. Para compreender a ideia do outro indivíduo preciso 'desativar o meu pensar e não me concentrar nas palavras'. Esse sentido permite captar a ideia do outro e também pensamentos universais.

EU ALHEIO.         'o sentido do eu alheio é o educador para a busca da realização da liberdade' 

Temos em nós a sensação de algo que nos define e nos diferencia. É o nosso Eu, a nossa essência que começa a se prenunciar por volta dos três anos de idade. Ao longo da vida vamos desenvolvendo o nosso Eu e quanto mais percebo a mim mesmo mais tenho condições de perceber o Eu do outro indivíduo. 

"O ser humano é o órgão através do qual a natureza revela os seus segredos" R. Steiner


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quarta-feira, 17 de abril de 2024

FLUXOS DA VIDA


COMO O DESENVOLVIMENTO HUMANO SE ORGANIZA?

Todo desenvolvimento humano se organiza a partir do FLUXO SUPERIOR (Encarnatório) e do FLUXO INFERIOR (Desencarnatório) tendo o FLUXO MEDIADOR como aquele que dialoga com os dois primeiros. A esfera do meio é o que equilibra os dois fluxos, um que vai em direção ao interior e o que vai em direção ao exterior.

O Fluxo Superior vem do mundo espiritual para o mundo terreno, de fora para dentro, pela frente e transforma o espírito em matéria. Esse fluxo veicula o conteúdo de vidas passadas para a vida atual. 

Entra pelos órgãos dos sentidos, segue o caminho dos nervos e chega ao metabolismo.

Através do fluxo superior, o espírito é ativado no corpo e na alma.

O Fluxo Inferior transforma as experiências da matéria em espírito, vem de dentro para fora, por trás e debaixo para cima, sobe pelo metabolismo onde atuam os processos vitais inconscientes. 

Através do fluxo inferior, o corpo ativa a alma e o espírito. O fluxo inferior veicula o germe para o futuro.

A atuação dos dois fluxos acontece no primeiro instante da vida. O Eu se encarna a partir do centro e da periferia.

O fio do desenvolvimento acontece debaixo para cima e de cima para baixo. Encarno no corpo e no mundo e trago toda a potencialidade do que fui no passado para a realização no futuro.

Do 17o.ao 21o.dia de gestação, por nove meses, o Homem Invisível (ou Homem Ideal ou Segundo Homem ou Homem Noturno ou Eu Superior) adentra o embrião e dispõe-se nos envoltórios embrionários: saco vitelino, âmnio, alentóide, córion. No momento do nascimento esses envoltórios são expelidos junto com a placenta e o Homem invisível se retira para o mundo espiritual e acompanha o ser humano de fora, nos processos inconscientes, durante toda a vida.

O Homem invisível atua onde não há consciência, onde só existe vontade, mas onde há vida. O Eu não atua diretamente mas, na organização físico-etérico-astral do Homem. Atua na região inferior até a cabeça. Os quatro membros suprassensíveis atuam no fluxo inferior anabólico a partir do mundo espiritual, de dentro para fora no sangue.

O Fluxo Mediador integra os dois fluxos, um não existe sem o outro. Atua pela organização astral do Homem Invisível. Penetra pela respiração permeando o ser humano, trazendo consciência.

Forças catabólicas (Fluxo Superior) e forças anabólicas (Fluxo Inferior) são duas forças polares que atuam ritmicamente pela respiração e circulação e permitem que esses dois fluxos se interiorizem formando um espaço interior.

É no confronto entre os dois fluxos que acontece a individualização.

Inspiro o mundo para conquistar o que ainda não sou. Na expiração, eu ofereço o meu gesto ao mundo.




"PROIBIDA A REPRODUÇÃO"

quarta-feira, 3 de abril de 2024

DESENVOLVIMENTO DO CAMINHO INTERIOR (3)

 O DESENVOLVIMENTO DA FLOR DE LOTO DE 12 PÉTALAS

Os seis exercícios complementares harmonizam a flor de lótus de 12 pétalas situada na região do coração. 

Seis pétalas já estão desenvolvidas e o caminho dos seis exercícios complementares desperta as outras seis e as fazem brilhar.

Começa-se com o domínio do pensamento e permanece-se nele durante um mês por exemplo. Em seguida continuando com primeiro agregamos o 2o. e assim por diante.

Esses exercícios asseguram o resultado positivo da meditação e fazem subsistir forças favoráveis ao autodesenvolvimento.

  1. DOMÍNIO DO PENSAMENTO. Escolher um objeto e durante 5' admitir somente pensamentos vinculados ao objeto. O importante é a força da atividade própria do pensar. Como exemplo pode ser observado um lápis sempre mantendo a força da atividade própria do pensar sem fazer associações. Praticado durante um mês nota-se um sentimento de segurança e firmeza da mente.
  2. DOMÍNIO DO QUERER. Realizar uma ação qualquer que se torne um dever diário a ser feito sempre na mesma hora. Como exemplo decido girar meu anel no dedo todos os dias ao meio dia. Esse exercício deve ser acrescido ao exercício do pensar e praticado por trinta dias e, aos poucos toma-se consciência de um sentimento que impulsiona a ação, verte do corpo, flui da cabeça até o coração.
  3. DOMÍNIO DO SENTIR. No terceiro mês acrescenta-se a formação de equanimidade em relação aos sentimentos. As oscilações de sentimento devem dar lugar a uma igualdade na alma através de um esforço consciente. Esse exercício traz calma interior no organismo que irradia desde o coração até as mãos, os pés e finalmente a cabeça. É uma atenção constante voltada para a vida. 
  4. POSITIVIDADE (TOLERÂNCIA). No quarto mês acrescenta- se o exercício de se abster de pensamentos críticos buscando em todas as situações o positivo, mergulhando com amor em cada acontecimento. Esse exercício nos torna atentos para as coisas sutis e se manifesta na alma como felicidade. Com o pensamento dirige-se esse sentimento para o coração, flui para os olhos e dos olhos para o espaço à nossa frente, ao nosso redor e nos dilatamos.  
  5. ABERTURA (RECEPTIVIDADE). No quinto mês acrescenta-se o estar aberto a toda nova experiência. Acolher uma verdade nova. Tem-se a impressão, com esse exercício de algo se tornar vivo e se colocar em movimento no espaço. É uma vibração sutil no espaço que deve fluir, pelos olhos, ouvidos e pele.
  6. HARMONIA (PERSEVERANÇA). O exercício é de manter os cinco exercícios de maneira sistemática seguindo um ritmo para conseguir equilíbrio na alma. Abre-se na alma uma compreensão tranquila diante de coisas que estavam fechadas para ela. 



DESENVOLVIMENTO DO CAMINHO INTERIOR (2)

 O DESENVOLVIMENTO DA FLOR DE LOTUS DE 16 PÉTALAS 

Rudolf Steiner indicou exercícios para cada dia da semana para a abertura do chacra laríngeo e se refere à flor de lótus de 16 pétalas. As flores são órgãos sensoriais da alma.

Das 16 pétalas da flor de lótus da laringe, oito já estão desenvolvidas mas, as outras oito devem ser desenvolvidas por meio de exercícios conscientes e, assim a flor de loto se torna luminosa e começa a girar. São 8 exercícios.

São oito exercícios.

PARA OS DIAS DA SEMANA     -Rudolf Steiner 

O Homem deve dedicar atenção e cuidado a certos fenômenos anímicos que costuma realizar sem prestar-lhes atenção. 

O melhor é, por exemplo durante oito ou quinze dias, dedicar-se cada dia apenas a um exercício. Pode-se também fazer um exercício diariamente começando pelo sábado. 

O oitavo exercício, que dura uns cinco minutos, deveria ser feito todos os dias. Essa é uma maneira de trilhar um caminho interior em busca de auto desenvolvimento.

SÁBADO

Prestar atenção às representações mentais (pensamentos). Ter somente pensamentos relevantes. Aprender paulatinamente a distinguir nos pensamentos entre o essencial e o acessório, entre o eterno e o efêmero, entre a verdade e a mera opinião.

Ao escutar o discurso do próximo, procurar ficar totalmente quieto no interior e renunciar a todo consentimento, mas principalmente, a todo julgamento negativo (crítica, negação), também nos pensamentos e sentimentos.

Isso é a chamada opinião certa”.

DOMINGO

Decidir-se, mesmo nos atos mais insignificantes, somente com base de uma ponderação total. Afastar da alma todo agir impensado, todo fazer desprovido de significado. Deve-se ter, para tudo, razões bem ponderadas. Deixar de fazer aquilo que carece de um motivo significativo.

Se, estamos convencidos da retidão de uma decisão tomada, devemos ater-nos a ela, com toda firmeza de ânimo.

Isso é o chamado juízo certo, que não depende de simpatia ou antipatia.

SEGUNDA

A fala. Dos lábios de quem aspira a um desenvolvimento superior, só deve emanar o que tiver sentido e significado. Todo falar só para falar – por exemplo, com a intenção de fazer passar o tempo – é, nesse caso, prejudicial.

Devemos evitar o tipo comum de conversa onde se fala de qualquer assunto numa mistura inconsequente; de outro lado não devemos excluir-nos da convivência com nossos próximos. É justamente ao contato com os outros que a conversa deve assumir caráter de significância. 

Que se dê resposta a qualquer interlocutor, mas de forma pensada, em todos os sentidos. Nunca falar sem ter motivo. Gostar de silenciar.Tentar falar nem demais, nem de menos. Primeiro escutar e depois digerir. 

Esse exercício chama-se também a palavra certa”.

 TERÇA

As ações exteriores não devem perturbar o nosso próximo. Quando nosso intimo (consciência moral) nos leva a agir, devemos ponderar cuidadosamente sobre a melhor maneira de corresponder ao bem de todo, à felicidade permanente do próximo, à essência eterna.

Quando atamos a partir de nós mesmos, por iniciativa própria, ponderar de antemão a fundo os efeitos da nossa atuação.

Isso é também denominado de “a ação correta”.

QUARTA

A organização da existência. Viver de acordo com a natureza e com o espírito, não deixar se absorver pelas futilidades da vida exterior. Evitar tudo o que traz inquietação e pressa.

Não atuar apressadamente, mas tampouco ficar indolente. Considerar a vida como um meio para o trabalho, a atividade, para a elevação e agir de acordo.

Fala-se também, nesse sentido, de o ponto de vista certo”.

QUINTA

A aspiração humana. Devemos ter o cuidado de não empreender nada que esteja além de nossas forças, mas tampouco deixar de fazer o que está dentro de nossas possibilidades.

Olhar para além do imediato e do dia a dia; fixar metas (ideais) para si próprio, relacionadas com os deveres mais elevados do homem. Por exemplo: procurar desenvolver-se por meio dos exercícios indicados, a fim de poder depois ajudar e aconselhar o próximo mais intensamente, mesmo que isto não se dê num futuro imediato.

O que foi dito também pode ser resumido em: transformar todos os exercícios precedentes em hábitos

SEXTA

A aspiração de aprender da vida o mais possível. Nada acontece conosco que não nos dê a oportunidade de obtermos experiências úteis para a vida. Se fizermos algo de forma errada ou incompleta, isso será um pretexto para fazermos, mais tarde, algo semelhante, mas de maneira mais correta e perfeita.

Vendo outros agirem, devemos observá-los em seu caminho a um objetivo semelhante (embora sempre com um olhar carinhoso). Não devemos fazer nada sem antes lançarmos um olhar retrospectivo às nossas próprias vivências, que podem ser de ajuda em nossas decisões e realizações. Se estivermos atentos, podemos aprender muito com qualquer pessoa, inclusive com crianças. 

Este exercício também é chamado memória certa, isto é, lembrar-se das experiências por que passamos.

RESUMO (8º)

De vez em quando, olhar o próprio interior, nem que seja durante cinco minutos por dia, sempre à mesma hora. E, ao fazê-lo, aprofundar-nos em nós mesmos, apreciar cuidadosamente, examinar e formar as normas de nossa existência, analisar mentalmente nossos conhecimentos – ou  o contrário, se for o caso -, ponderar nossos deveres, refletir sobre o conteúdo e a verdadeira finalidade da vida, sentir um autêntico desagrado a respeito de nossos defeitos e imperfeições. 

Numa palavra: cabe-nos descobrir o essencial, o duradouro, e levar a sério as metas correspondentes, por exemplo, a de adquirir determinadas virtudes (não devemos incorrer no erro de pensar que realizamos algo de forma perfeita, mas sim aspirar sempre a algo mais elevado de acordo com os mais altos ideais).

Esse exercício também é chamado a contemplação correta”.

 


DESENVOLVIMENTO DO CAMINHO INTERIOR (1)

IMAGINAÇÃO, INSPIRAÇÃO, INTUIÇÃO

 Quão difícil é, hoje mantermos o foco em um pensamento!

 Somos convidados a experienciar o novo diariamente através de uma enxurrada de estímulos interessantes que o mundo externo oferece.

Os pensamentos não param acompanhados de uma oscilação emocional e múltiplas tarefas.

Afinal, não podemos parar! Tempo é dinheiro!

Mas, o desenvolvimento interior embora feito na plenitude da vida requer pausas, escuta ativa, um olhar atento, disciplina, perseverança.

Somos constituídos de cabeça, tronco e membros, ou seja, pensamos, sentimos e agimos.

Nosso maior desafio é a integração, o equilíbrio dessas três forças anímicas.

Rudolf Steiner indica em seu livro 'O conhecimento dos mundos superiores' vários exercícios que facilitam essa integração e o desenvolvimento de um seguro caminho interior.

Vou me referir aqui exercícios sobre a intensificação do pensar, do sentir e do querer que levam ao desenvolvimento das capacidades imaginativa, inspirativa e intuitiva.

O desenvolvimento da capacidade imaginativa pode ser conquistada pela intensificação do pensar. Por meio de um olhar atento e não preconceituoso  formamos imagens a partir de uma representação mental despertando para a ideia que vive por trás ou no interior do mundo sensorial.

Goethe adquiriu essa capacidade imaginativa chegando a visão da planta primordial(arquetípica). Ele percebeu a metamorfose da planta em todas as espécies vegetais. Da planta primordial descendem as diversas famílias botânicas.

Para a imaginação, o pensar torna- se um órgão espiritual de percepção.

Observe atentamente o céu ou uma planta.

Intensificando nosso sentir chegamos à capacidade inspirativa. Essa capacidade pode ser conquistada por meio de uma escuta ativa e empática e, assim distinguimos o que está por trás das palavras além de ouvir a nossa voz interior. 

Ouvir a voz interior é a possibilidade de dialogar com nosso Eu Superior. A inspiração possibilita distinguir entre o que vem do nosso mundo interior e o que vem de fora e leva a ter uma certeza interna.

Para a inspiração, o sentir torna-se um órgão espiritual de percepção.

Ouça boas músicas, sons da natureza.

O desenvolvimento da capacidade intuitiva pode ser conquistada pela intensificação do querer. A intuição fala em não deixar passar as oportunidades que a vida frequentemente oferece. 

Requer o reconhecimento de questões que não são expressas por palavras, mas a partir de acontecimentos e, isso interfere no meu planejamento diário. 

Enquanto a inspiração vem de dentro, a intuição chega de fora.

Para a intuição, o querer torna-se um órgão espiritual de percepção.

Exerça a coragem e a presença de espírito diariamente.


quinta-feira, 28 de março de 2024

O MISTÉRIO DO GÓLGOTA

 A passagem de um Deus pelo destino humano do nascimento e da morte.

A fim de permitir que o significado e o sentido do nascimento e da morte penetrassem no entendimento da humanidade, Cristo desceu do mundo espiritual e se fez carne.

Cristo pertence ao mundo de onde vieram os grandes mestres, mas ele acolheu o seu destino. Ele se submeteu à decisão divina de se encarnar em um corpo terreno e passar com sua própria alma divina pelo nascimento e morte terrenos.

O mistério do Gólgota traz o fato de que um ser divino passou pela existência humana, afim de ter as mesmas experiências terrestres, o mesmo destino que o ser humano na Terra.

Qual foi o conteúdo dos ensinamentos que Cristo ressuscitado foi capaz de transmitir aos discípulos escolhidos?


Ele pode dizer sobre o nascimento e a morte. Transmitiu a eles que o ser humano teria uma consciência de vigília - que não permite conhecer a alma imortal- e, uma consciência de sono que permite o seu ser imortal aparecer ante o olhar da alma.

A consequência disso foi a possibilidade do cultivo de um pensar vivo, da liberdade e a percepção de que existe algo na terra que não pode ser reconhecido por meios terrenos. 


O acontecimento no Gólgota violou todas as leis terrestres. Ocorreu algo divino que não pode ser apreendido por mera compreensão terrena e, sim por uma força de sabedoria, uma força de fé, uma força especial de pistis-sophia - um poder de fé e sabedoria.


O ser humano deve se dispor a reconhecer o fato de que o suprassensível vive no mundo terreno. Com essa disposição de alma podemos desenvolver uma atividade interior intensa.


Deus experimentou o destino terreno através do Mistério do Gólgota.

O conhecimento do divino na alma humana se dá através do conhecimento baseado na sabedoria imaginativa, inspirativa e intuitiva.


O Mistério do Gólgota foi um dos ensinamentos mais significativos doado a humanidade, não através do Cristo que viveu no corpo físico, mas através do Cristo ressuscitado e pela compreensão do Cristo em conexão com a alma humana, o que nos permite dizer: “Não eu, mas o Cristo em mim”.

Cristo está conectado à terra. Todo saber, sentir e agir humanos são importantes para a evolução da terra e para a compreensão da presença de Cristo na alma humana.


Rudolf Steiner diz: "através da ressurreição de Cristo, levando Cristo ressuscitado na alma na vida terrena para poder viver Nele, morrer não na morte, mas morrer vivendo".

O Mistério do Gólgota é o princípio da evolução do Eu Sou. É o impulso da Ressurreição que cada um celebra dentro de si ao superar as dores da alma.


A semana que antecede a Páscoa da Ressurreição é conhecida como a "Semana do Silêncio"ou a " A Grande Semana".

Os sete dias que antecedem a Páscoa é uma fonte de forças para o futuro que virá.

Entre Domingo de Ramos e o Domingo de Páscoa aconteceram fatos arquetípicos que podem nortear e transformar o curso de cada alma humana.


Cada dia da semana revela um mistério cósmico relacionado às esferas planetárias

Domingo de Ramos - dia do Sol

Segunda feira- dia da Lua.

Terça feira - dia de Marte

quarta feira - dia de Mercúrio

Quinta feira - dia de Júpiter

Sexta feira - dia de Vênus

Sábado - dia de Saturno


"No Domingo de Ramos, Cristo entra em Jerusalém, o sol dos tempos antigos manifesta ainda sua soberania no céu; mas, este fato marca sua despedida, a fim de dar lugar no domingo seguinte, a um novo sol, o sol da Páscoa.

Na Segunda Feira, Cristo renega a figueira e purifica o Templo da Cidade Santa, o sol de Cristo confronta o princípio lunar do mundo antigo, que necessitava ser renovado.

Na Terça Feira, Cristo enfrentou seus adversários que lhe preparavam armadilhas. Sua palavra tornou-se arma espiritual. Esta jornada de luta é concluída sobre o Monte das Oliveiras aonde ele revela, aos seus discípulos, profeticamente, o Apocalipse que há por vir. Ali, o espirito de Marte recebe a marca de Cristo.

Na Quarta Feira, com a unção em Bethânia e a traição de Judas, Mercurio se encontrou com o sol de Cristo.

Na Quinta Feira, quando Cristo lava os pés de seus discípulos e lhes oferece a Santa Ceia, uma luz jupiteriana repleta de promessas de futuro, iluminou a aflição e a tristeza das almas.

Na Sexta Feira, ocorreu a mais maravilhosa elevação de tudo o que poderia significar, para o homem, a ideia da deusa do amor, Vênus ou Afrodite. Ocorreu um ato de amor, maior do que qualquer ato de amor possível. O sacrifício de amor no Gólgota foi a transformação do princípio de Vênus no princípio solar do Ser de Cristo. Quando Cristo jazia no sepulcro, o Cristo Sol se encontrou com o espírito de Saturno, Sábado, no cosmos, até que, finalmente, no Domingo, é o próprio Sol de Cristo que venceu". do livro Os Três Anos de Emil Bock- Comunidade de cristãos do Brasil


Pesquisa feita no livro acima e em "Os ensinamentos do Cristo Ressurreto. Reflexões sobre o Mistério do Golgotha - Rudolf Steiner. Haya, 13 de abril de 1922